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Feriado Municipal

Valença celebra o seu Feriado Municipal a 18 de fevereiro. É a data evocativa da morte do primeiro santo português, São Teotónio, natural da freguesia valenciana de Ganfei.

PRIMEIRO SANTO PORTUGUÊS
Teotónio nasceu no lugar de Tardinhade na Freguesia de Ganfei.

Em 1092, com 10 anos apenas, foi estudar para Coimbra com o seu tio D. Cresconio que foi eleito Bispo da Diocese de Coimbra. O jovem Teotónio distinguia-se entre os demais pelo “brilho da sua inteligência e valor das suas virtudes”

Em 1098, por morte de seu tio vai para Viseu e continua os estudos junto do Prior da Colegiada que ali tinha os Cónegos Regrantes se Santo Agostinho. Afastava-se de todos os prazeres que não fossem da “mais pura ordem espiritual”.

“Todo o tempo achava pouco para rezar a Deus, consolar os aflitos, tratar os enfermos, e conduzir os homens pelo caminho da virtude, realizava com sublime dedicação todas as Obras de Misericórdia”. O dero respeita-o e admira-o.

Para evitar ser nomeado Bispo de Viseu, sai de Portugal como um pobre e humilde peregrino com destina à Terra Santa de Jerusalém, onde fica um ano, a seguir os últimos passos da vida de Cristo. Regressa a Portugal.

Volta saudoso à Terra Santa e nesta viagem dá-se o primeiro milagre. O navio em que seguia foi assaltado por uma grande tempestade na mar Egeu. Com a ameaça de naufrágio, Teotónio dirige-se aos “pobres aflitos navegantes da atormentada viagem e promete que se arrependessem de seus pecados e devidamente confessados, se preparassem para ter a morte dos justos, a tempestade amainaria e as suas vidas seriam salvas”. O “vento deixa de soprar… as ondas amansam como por encanto, e o mar faz-se chão e tranquilo como espelho de um lago”.

Regressa à Pátria, após esta nova visita à Terra Santa, ainda Condado Portucalense, mas com intuito de voltar e em definitivo, para Jerusalém, porém os Cónegos de Santo Agostinho resolvem fundar um pequena comunidade em Coimbra, e elegeram (ainda que contra a sua vontade) D. Teotónio como Prior-Mor de Santa Cruz, em 1131.

O Convento de Santa Cruz passava a ser um centro espiritual da cristandade também, um Colégio de estudos superiores, que rapidamente “havia de adquirir a importância de uma Universidade”.

Afonso Henriques em batalha contra os Moiros, tinha por D. Teotónio “tanta amizade e dedicação que o escolheu para seu Conselheiro e Director Espiritual. Sempre que o Rei empreendia uma batalha, cerco ou assalto a terras e castelos que ia conquistando aconselhava-se com S. Teotónio. Por isso é que à mesma hora que o Rei tomava Leiria, Óbidos, Santarém e outros lugares fortes e bem acastelados, S. Tetónio com os seus religiosos rezava na Claustro de Santa Cruz pedindo a Deus que estivesse com os portugueses no bom combate (…)”

Quando o filho de D. Afonso Henriques, o principe D. Sancho, chegou à idade de aprender. logo o Rei pediu a D. Teotónio dirigir a educação do futuro rei de Portugal.

D. Teotónio esquivava-se sempre das honrarias e dignidades com que pretendiam honrá-lo o Rei, Bispos e o Papa. Aos setenta anos Teotónio renunciou ao priorado, voltando a ser um simples religioso. Um ano depois, o papa Anastácio IV quis consagrá-lo bispo de Coimbra mas, voltou a recusar, recebendo então, pelo mesmo papa, o direito de usar mitra, báculo pastoral e anel e dar bênção como os bispos.

Faleceu em 18 de Fevereiro de 1162, com oitenta anos. O Rei D. Afonso acompanha os últimos momentos exclamando: “Primeiro a sua alma há-de entrar no Céu que o corpo na sepultura”. Naquela hora o rei começa a tratar da canonização do seu querido Santo.

O Papa Alexandre III canoniza-o um ano após a sua morte. Os milagres que depois da sua morte se vão sucedendo foram tantos que no primeiro aniversário do seu passamento subia a sua imagem aos altares.

Por diligência do nosso primeiro Rei, “foi contado no número dos eleitos aquele D. Teotónio que foi verdadeiramente o nosso primeiro Santo, o primeiro que houve no Reino de Portugal”.

O seu corpo encontra-se numa urna de prata que em 1630 foi depositada no seu túmulo que jaspe na Igreja de Santa Cruz de Coimbra, ao lado de D. Afonso Henriques.

Valença tornou o dia da sua morte em Feriado Municipal (18 de Fevereiro).