Viver

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Sala De Arqueologia

PALEOLÍTICO E IDADE DO BRONZE
O Paleolítico é o mais antigo e o maior período da história humana. Corresponde a uma fase anterior à prática da agricultura, em que o Homem vivia em bandos que percorriam o território procurando comida e utilizando como abrigos grutas e cavernas, ou temporários acampamentos ao ar livre. Durante milhares de anos, o Homem viveu com base nessa economia de recolecção, caçando, pescando, e recolhendo os alimentos vegetais disponíveis na natureza.

Deste período remoto chegaram até nós relativamente poucos testemunhos. Um dos mais importantes é o conjunto de utensílios que este homens fabricaram, e que recuperamos em escavações arqueológicas, obtendo dados sobre as técnicas que empregavam e as várias utilizações que lhes davam.

Alguns desses objectos designam-se de bifaces e foram fabricados usando seixos rolados, de quartzito, talhados nas duas faces, com um formato triangular. Na zona inferior conservavam a forma arredondada original do seixo; seria por aqui que a peça era agarrada e manipulada.

Os artefactos expostos com maior destaque são os bifaces, os Chooping-tool, que se integram na indústria pré-achaulense. Estes instrumentos serviam para cortar e raspar, por exemplo a carne e pele dos animais caçados.

RÉPLICA DA GRAVURA RUPESTRE
A gravura rupestre da qual se efectuou uma réplica está localizada na Tapada de Ozão, na freguesia de Gandra.

Esta gravura rupestre tem a configuração de um trapézio serve de exemplo da tipologia das gravuras Rupestres do Noroeste Peninsular e, mais especificamente, no grupo designado Antigo ou Clássico. Foi realizada pelo método de picotagem que corresponde a sucessivas pequenas pancadas com um percutor na superfície a decorar, formando o conjunto dos pequenos pontos assim obtidos as linhas do desenho.

O motivo geométrico predominante – conjuntos de círculos insculturados – fá-las aproximar da estação da laje de Taião, não muito distante, não deixando também de ser significativa a proximidade de alguns castros e de um conjunto megalítico.

A incidência deste mesmo motivo predominante faz alguns autores situa-la no Bronze Médio e Final.
RÉPLICAS DE MILIÁRIOS
A Via XIX do Itinerário de Antonino passava no concelho de Valença, ligando Bracara Augusta (Braga) a Asturica Augusta (Astorga), através de Lucus Augusti (Lugo).

Esta via revestir-se-ia de um cariz eminentemente militar. No concelho de Valença, um conjunto de cinco miliários identificados demarcava a via XIX do Itinerário de Antonino.

CERÂMICAS ROMANAS
Durante a época romana, existiu uma grande diversidade de recipientes cerâmicos com múltiplas funcionalidades, nomeadamente nos locais de habitação. Muitos destes objectos, de grande utilidade no quotidiano das populações, são muitas vezes encontrados num contexto completamente distinto, nas necrópoles, onde adquirem um significado simbólico.
O conjunto cerâmico das vitrines que retratam o período Romano, é resultante do estudo da necrópole de Gondomil. Trata-se de uma colecção composta por doze recipientes, de cerâmica comum, que se divide em quatro tipologias cerâmicas diferentes, designadamente copo, unguentário, púcaro e jarra ou bilha. A datação apontada para o local corresponde, segundo os materiais cerâmicos recolhidos, à era de Cláudio até ao séc. II depois de Cristo, aproximadamente.

Da Necrópole de Gondomil constata-se que os enterramentos são todos de incineração e obedecem ao mesmo ritual: todos teriam sido efectuados no mesmo local. Os mais antigos eram escavados no saibro virgem, uma vala alongada e pouco profunda, onde posteriormente era colocada madeira de sobreiro. Seria construída uma grande estrutura em troncos de madeira, ligados com uma espécie de cavilhas.

Numa fase posterior colocava-se o caixão, tipo esquife, daí o avultado número de tachas encontradas, que poderiam constituir uma decoração exterior do caixão. A armação do caixão era envolvida em panos, os quais eram presos pelas tachas e pregos, ficando o morto tapado perante a população que assistia ao cerimonial.

Os restos mortais ardiam na vala, o que explica a mistura de pregos, tachas, carvões e cinzas que as escavações arqueológicas encontram. No final da cerimónia, as cinzas eram colocadas num vaso cerâmico. Muitos dos vasos recolhidos apresentavam sinais evidentes da acção do calor. Finalmente, a sepultura seria coberta com terra, provavelmente extraída nas zonas habitacionais, o que explica os múltiplos fragmentos de cerâmica comum que se encontram em zonas de necrópole.

TIPOLOGIAS CERÂMICAS
Uma tipologia cerâmica que aprece com frequência nas necrópoles de incineração e inumação, no Noroeste Peninsular, são os copos. Este tipo de recipiente é dificilmente datado pois teve um grande período de utilização. A sua funcionalidade seria o consumo de bebidas, tendo no contexto das necrópoles a mesma função mas de forma figurada.

Os púcaros tinham a mesma função que os copos, e são também muito frequentes nas necrópoles. Conhecemos exemplares em cerâmica e em vidro. No entanto, o custo do vidro não o tornaria acessível a maioria da população.

A sua funcionalidade estaria associada a aspectos rituais (quando se cremava o morto este era regado por unguentos). Os unguentários, na sua maioria, têm um bordo espessado exteriormente e saliente.
Existe um predomínio das formas fechadas, o diâmetro máximo do bordo é de 5.4 cm e o mínimo é de 2.5 cm, tendo em conta o tipo de recipientes que compõem o conjunto.

VITRINE DA IDADE MÉDIA
Na sondagem efectuada na Horta da Raínha, em Boivão foi exumada uma placa de metal que se designa de placa de cinturão medieval. Esta placa, que denota uma grande preocupação no preenchimento de todos os espaços vazios, apresentando no entanto uma organização em torno de um eixo de simetria horizontal.

O elemento principal é um zoomorfo inserido num medalhão circular, em volta do qual se desenvolve uma profusão de motivos vegetalistas. O zoomorfo representa um grifo, ou seja um animal fantástico constituído por um corpo de leão, com quatro patas detentoras de garras e uma cauda típica, que se prolonga, a cabeça de águia com bico aberto do qual sai uma longa língua (animal parlante ou língua de fogo) e duas orelhas de cavalo.

Entre as patas dianteiras e as traseiras existem dois prolongamentos do corpo, que se considera como hipótese serem duas asas estilizadas e caídas. É comum na arte celta os grifos alados comportarem asas descaídas, para além de que o dorso do animal se encontra preenchido pela representação de uma lira, motivo comum principalmente nas moedas celtas.